“Antes de ser polícia já era motociclista”

A paixão pelas motos começou cedo e resiste até hoje. O que estava longe de imaginar é que um dia iria conseguir conciliar esta paixão com o trabalho. Actualmente, Armindo Teixeira é o subcomissário de comandante da Esquadra de Motociclistas da Divisão de Trânsito da área metropolitana de Lisboa e dirige uma equipa de 81 elementos, numa esquadra que se dedica em exclusivo a todos os assuntos de trânsito que envolvem as duas rodas.
No patrulhamento normal, os agentes da Esquadra de Motociclistas andam em dupla, seja no trânsito, nas acções de fiscalização ou de segurança.
No patrulhamento normal, os agentes da Esquadra de Motociclistas andam em dupla, seja no trânsito, nas acções de fiscalização ou de segurança.
Aos 18 anos, tirou a carta de condução de categoria A e B, e foi o pai quem lhe ofereceu o primeiro motociclo com 125 cc.“Quando se é mais novo gosta-se de andar de moto porque é novidade e existe um forte desejo de independência. Depois, à medida que o tempo passa, vem o ‘vício’, e ganhamos o verdadeiro gosto por andar de moto”, revela o subcomissário.
O AdM conversou com o subcomissário após a escolta realizada ao secretário da Defesa dos Estados Unidos, no âmbito da sua visita oficial a Portugal. Escoltar altas entidades é uma das principais actividades da unidade. Só nos últimos anos, foram gastas cerca de dez mil horas em escoltas policiais nesta esquadra. Contudo, dos 81 polícias desta unidade, nem todos cumprem esta tarefa, pois para realizá-la apenas podem fazer os agentes que conduzam motociclos com mais de 900 cc. Contudo, todos são determinantes para o sucesso da missão desta esquadra. “Dos 81 que cá estão, são todos voluntários. Ninguém está cá contrariado, e isso é uma vantagem para mim”, assume a autoridade, que recusa o título de equipa de elite. Igualmente em
destaque na Esquadra de Motociclos estão as tarefas de fiscalização de trânsito nas artérias de Lisboa e nos principais eixos rodoviários de acesso à cidade (Ponte 25 de Abril, IC 19, IC 22), e os policiamentos na cidade.
A Esquadra de Motociclos é responsável pela fiscalização do trânsito nas ruas de Lisboa e nos principais eixos de acesso à cidade.
A Esquadra de Motociclos é responsável pela fiscalização do trânsito nas ruas de Lisboa e nos principais eixos de acesso à cidade.
Velocidade excessiva é a maior causa de acidentes

A maioria dos agentes desta Esquadra são motociclistas, uma característica que lhes traz uma sensibilidade especial para o exercício das suas funções. “A maioria dos meus agentes tem moto particular e pertence a moto clubes. Acredito que isto é uma
mais-valia para o exercício do cargo. Sabemos os cuidados a ter no dia a dia e estamos conscientes da melhor forma de ‘educar’ o motociclista mais novo.”

Segundo os dados recolhidos pela Divisão de Trânsito da PSP, no ano de 2012, a maioria dos acidentes que ocorreram na área metropolitana de Lisboa, envolvendo motociclistas, ficou-se a dever a velocidade excessiva.

No sentido de prevenir acidentes, muitas vezes são feitas acções de sensibilização junto dos condutores de duas rodas. “Por vezes, vemos motociclistas a seguir as modas e as tendências, como os capacetes abertos. Efectivamente são bonitos, mas em termos de segurança é nenhuma. Assim, algumas vezes mandamos parar, não com o sentido de penalizar, mas para educar. Nessas alturas, explicamos que esse tipo de equipamento até pode ser bonito, mas em caso de queda é perigoso. Aconselhamos sempre a usar o capacete integral fechado.” Para o subcomissário Teixeira é muito importante existir essa “sensibilidade”, seja para aconselhar ou para punir legalmente, porque estes agentes são também motociclistas.
A Esquadra de Motociclos da Divisão de Trânsito da área metropolitana de Lisboa é composta por 81 elementos.
A Esquadra de Motociclos da Divisão de Trânsito da área metropolitana de Lisboa é composta por 81 elementos.
O fenómeno crescente do aumento do número de motos a circular em Lisboa é um facto consumado. Contudo, no Inverno é visível o decréscimo no número de veículos de duas rodas a circular nas estradas. Para o subcomissário, as cidades só tem a ganhar com a utilização deste meio de transporte: “É vantajoso para o trânsito, o ambiente, o estacionamento, e para o cidadão. Na estrada, os motociclistas são bem-vindos.”
Contudo, há que formar consciências e deixa o conselho: “Quem anda de
moto não pode deixar-se levar apenas pela velocidade. Pode ter-se muito prazer em andar de moto sem grandes velocidades. Não faz sentido fazer ‘malabarismos’ na estrada. Temos que pensar que a vida dos outros também está em causa e que a estrada não é sítio para brincar.”
Sempre que estão em patrulha normal, os agentes da Esquadra de Motociclistas andam em dupla, seja no trânsito, nas acções de fiscalização ou de segurança. No caso das escoltas é uma situação diferente, e um pouco mais arriscada, pois a Esquadra de Motociclos tem a função de desimpedir o trânsito para que a entidade em causa
possa passar, sem ter que parar. Um trabalho de excelência feito sobre duas rodas.

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